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O executivo competitivo

Ser executivo - um ideal? uma religião?, Jean Bartoli, 2005, Idéias e Letras, pag 25
 
O que se espera fundamentalmente de um executivo hoje?

" Cada vez mais os executivos são incentivados pelas empresas, e pelo próprio mercado, a serem pessoas competitivas individualmente. Acontece que competir de verdade nem sempre é uma dessas coisas que se possa fazer suavemente, com muitas cautelas e sem incomodar ninguém. Ao contrário, competir a sério pressupõe atitudes que demandam das pessoas doses altas de energia.

Agressividade, ambição, ocupação de espaço, articulação, disposição para incomodar, capacidade de executar tarefas que outros não estejam executando e - por que não? - certas doses de egoísmo, ou, pelo memos, de uma opção preferencial por si próprio."

As qualidades do executivo competitivo são enumeradas: agressividade, ambição, capacidade de executar tarefas que outros não executam, egoísmo e opção preferencial por si próprio. Assim, uma pesquisa conduzida pela Exame aponta as seguintes habilidades como imprescindíveis:

" Os resultados do estudo mostram claramente quais são as habilidades que devem ter, hoje, os profissionais que almejam uma carreira bem-sucedida, em qualquer área que seja. Vamos a elas:
- capacidade para realizar e assumir riscos
- ser ético e íntegro
- ter visão de futuro e capacidade de planejamento
- estar orientado para processos, pessoas e resultados
- ter habilidade em negociação e flexibilidade para mudanças
- ter espírito inovador e criativo
- ter boa liderança e exercê-la através do exemplo
- ter energia e dinamismo
- ter habilidades em solucionar problemas
- ser bom comunicador, articulista e assertivo "

As características mais importantes do executivo pedidas pela empresa encorajam seu individualismo e sua capacidade de se sobrepor aos outros, não importando as consequências que isso possa acarretar em seu relacionamento com as pessoas dentro da empresa.

Em caso de escolha, a opção é para si próprio. As competências e as virtudes a serem desenvolvidas destinam-se a favorecer no executivo essa capacidade de competir, mesmo que isso possa levar a incomodar. Aliás, nesta mesma matéria [da Exame], problemas começam a aparecer:

" Pronto, está formado o problema. Todas essas atitudes, normalmente, têm uma conotação ambígua. Tomadas ao pé da letra, por exemplo, podem ser a descrição negativa de alguém sem escrúpulos, que passa por cima dos outros para conseguir o que quer, talvez até desonesta.

Esse traço de desconfiança em relação à competitividade faz parte da cultura latina e católica, apegada a pontos tradicionais de moral e de costumes, norteada por conceitos radicais a respeito do que é - e sobretudo do que não é - aceitável no comportamento social.

Mais que regras escritas, impera aí um determinado conjunto de valores pelo qual fica estabelecido, implicitamente, que isso "se faz" e aquilo "não se faz". Lutar abertamente pelos próprios interesses, admitir ambições, deixar explícita a vontade de obter benefícios materiais, prestígio ou poder, tudo isso cai, por exemplo, no capítulo daquilo que "não se faz".

Ou melhor: NÃO É ERRADO DESEJAR ESSAS COISAS, O ERRADO É MOSTRAR QUE VOCÊ AS DESEJA. "

(...) Qual a razão determinante pela qual o executivo deve ser competitivo? Porque a sociedade capitalista é uma sociedade competitiva. " A idéia de competição é fundamental para o capitalismo. Como disse Adam Smith, é da soma dos egoísmos individuais que nasce o bem-estar coletivo. Seu raciocínio se baseia na lógica de que, quando cada pessoa trabalha por seu próprio interesse, produz mais e com mais qualidade. O PONTO DE DISCUSSÃO É COMO COMPETIR. "

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Os trechos entre aspas são destacados pelo autor e atribuído a Bernard, Maria Amália, Competir não é pecado, não? É bom que o executivo seja competitivo e ambicioso. Desde que respeite limites. Exame, 31 (629): 82: 12 de fevereiro 1997.
 

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