As favas com a filosofia da mediocridade |
Use o poder da sua mente, David Schwartz, 1976, Ibrasa
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Como um primeiro passo, imagine uma grande torta cortada em cinco fatias iguais. Em seguida, imagine cinco pessoas que vão sentar-se para comê-la. Chamaremos essa torta de "Todas as boas coisas da vida" - felicidade, amor, dinheiro e paz de espírito. As cinco pessoas que vão comer a torta têm inteligência, formação e experiência semelhantes.
Agora lembre-se, esta torta representa "Todas as boas coisas da vida" e nosso próximo passo é dividi-la entre cinco pessoas. Dividiremos a torta de maneira precisa, de modo que todas as boas coisas da vida sejam divididas. Eis o que acontece: quatro das cinco pessoas repartirão uma fatia da torta. A outra terá quatro pedaços só para ela. Imagine: uma das cinco terá quatro vezes mais que as outras quatro reunidas.
Esta é a primeira lei. Oitenta por cento de tudo o que é bom pertence a vinte por cento, ou menos das pessoas . Vejamos como funciona. Oitenta por cento das ações pertencem a vinte por cento, ou menos, da pessoas. Oitenta por cento dos imóveis pertence a vinte por cento das pessoas. Oitenta por cento da renda são recebidas por vinte por cento, ou menos, das pessoas..
Oitenta por cento das descobertas científicas, das invenções, dos livros importantes, das verdadeiras obras de arte deste mundo, foram criadas por vinte por cento, ou menos, das pessoas. Oitenta por cento das vendas, são realizadas por vinte por cento, ou menos, dos vendedores.
Oitenta por cento das verdadeiras alegrias de viver pertencem a vinte por cento das pessoas. E não há dúvidas de que oitenta por cento do amor psicológico e do amor físico pertencem a vinte por cento, ou menos, das pessoas.
Examinemos esta lei. Vemos que ela se aplica a todas as coisas reais tais como: dinheiro, bens, imóveis, negócios, sucesso profissional e aquisições. Mas será que ela se aplica também à felicidade? Novamente, tudo leva a crer que sim. Uma família em cada cinco é tão feliz quanto as outras quatro juntas. Todas as boas coisas estão distribuídas aproximadamente nesta proporção de 80- 20.
A Lei 80- 20 aplica-se a ganhos pessoais, a volume de vendas, a felicidade, a sucesso nos negócios ou a qualquer outra atividade. É uma lei. E você não pode discordar da lei 80 - 20, como não pode discordar da lei da gravidade. E, como todas as leis naturais, ela não pode ser rechaçada . Portanto, grave a Lei 80- 20 na memória.
Nosso próximo passo, agora, é saber o "por quê" dessa lei - aprendê-la de maneira que possa ser útil e não prejudicial. Mas por que um indivíduo em cada cinco consegue quintos da torta das Coisas Boas? Em que essa pessoa difere das outras quatro? Qual é o segredo? Como você pode aumentar sua fatia da torta?
Estudiosos peritos nesse assunto afirmar que, se todo o dinheiro, toda a riqueza da nação, fosse dividido igualmente este o povo, bastariam alguns anos para que tudo voltasse à proporção atual. O fato de o salário e os bens, mesmo se igualmente divididos, em pouco tempo voltarem à desigualdade, prova uma coisa: aquele que, entre cinco, possui oitenta por cento de todas as coisas boas é diferente dos outros. Ele tem algo de especial. O que é esse algo?
Será essa enorme diferença explicada pela inteligência - a natural habilidade de pensar? O sucesso seria simples de explicar se estivesse diretamente ligado à inteligência. Mas não está. E não está também ligado à saúde ou a sorte (estar no lugar certo na hora certa, ou conhecer a pessoa certa).
Esse algo intangível que tanto conta para a curiosa diferença no sucesso e felicidade das pessoas é muito mais fugaz, muito mais difícil de determinar que algo simples como "quociente de inteligência", ou sorte, ou educação. Resumindo, a diferença está na maneira pela qual planejamos, organizamos e controlamos nosso poder psíquico.
As FAVAS COM A MEDÍOCRE FILOSOFIA DA CLASSE MÉDIA
Solicitei a centenas de pessoas (às que foram bem sucedidas na vida e a outras muito medíocres) que me expusessem sua filosofia de vida. Eis um qadro representativo de como os mediocres oitenta por cento das pessoas pensam. Chamemos de Willie este representante da mediocridade. Aqui está uma condensação dos seus objetivos e ambições:
"Vivo numa casa comum. (Todas as casas que conheço parecem exatamente iguais à minha.) Tenho um carro comum - só que coloquei alguns acessórios que o diferenciam um pouco dos outros carros. Cada três ou quatro anos troco o carro por outro também comum.
"Todas as férias de verão para levar minha mulher e filhos para passar uma semana fora. Depois, se a gente pode, abre uma conta de economias e guarda 5 dólares por semana, com 4 por cento de juros, num banco. Meu dinheiro fica absolutamente seguro, e algum dia eu serei o que se chama de milionário.
"Um ou outro fim de semana a gente convida Bob e Sue para vir à nossa casa. E depois Bob e Sue convidam a gente.
"Não gosto do meu emprego, mas pagam-me um bom salário e fazem poucas exigências. Não vou ficar rico mas não quero mesmo ficar rico. ( ele mente a si mesmo.) A única coisa inteligente a fazer é passar pela vida arriscando o mínimo possível. Não tenho grandes ambições – afinal ninguém pode prever o futuro.
"Os sujeitos que têm dinheiro tiveram de enganar alguém e eu não quero enganar ninguém. Posso não ter muita coisa, mas sou bom e eles são ruins. Não compro ações porque o mercado de ações pode cair e daí eu perco dinheiro.
"Nada sinto de especial pelos meus vizinhos. Mas tenho de viver ao lado deles, então procuro manter boas relações. Tento agir como uma pessoa comum porque se eu fizer alguma coisa desusada meus vizinhos vão comentar e eu preciso da aprovação deles."
É assim que os Willies do mundo pensam. Willies vão dormir mais ou menos à mesma hora todas as noites, levantam todas as manhãs à mesma hora, comem exatamente o mesmo desjejum, resmungam sempre as mesmas coisas, fazem sempre as mesmas queixas, vão para o trabalho sempre pelas mesmas ruas, cumprimentam os colegas de trabalho com o mesmo ar pessimista, almoçam sempre no mesmo lugar sujo e depressivo, fazem o mesmo trabalho, voltam para casa da mesma maneira, jantam quase sempre o mesmo jantar. Daí, depois do dia estúpido e monótono,_juntam todas as suas forças e vão para o mesmo cubículo assistir o mesmo programa de televisão que assistiram na semana passada. Esses são os Willies. E lembre-se, oitenta por cento das pessoas que você conhece pertencem à classe dos Willies.
A FILOSOFIA DA ELITE
Agora, examinemos a filosofia seguida peIa pequena elite dos vinte por cento, que progride e goza a vida. Chamemos esse indivíduo composto de Charlie. Antes de tudo, Charlie compreende que a vida é muito curta para ser desperdiçada . Não sai da linha para não ofender os vizinhos, mas, ao mesmo tempo, não se preocupa realmente com o que eles pensam. Preocupa-se muito mais com o que ele próprio pensa e com o que ele próprio deseja.
Se o vizinho apara a grama do jardim duas vezes por semana, isso não incomoda Charlie. Charlie apara o jardim quando quer. Charlie sente-se igual às outras pessoas". Tem um emprego que lhe paga na medida em que ele produz. Se produz mais por meio de ambição e talento, espera receber mais. Sente, profundamente, que é dono de sua própria vida.
Charlie tira férias não somente uma vez por ano, mas sempre que é possível. Charlie e a família raramente fazem a mesma coisa duas vezes. Ele é curioso. Quer experimentar. Gosta, num sentido psicológico, de viver perigosamente. Faz coisas diferentes e emocionantes. Muito importante é o fato de Charlie não se preocupar com "segurança", "futuro"", "amanhã". Charlie confia em poder enfrentar qualquer situação que apareça. Compreende que segurança vem de dentro, não de fora.
No trabalho, Charlie defende seu posto todos os dias. Não teme as pessoas que o desafiam – na verdade, gosta de competir, desde que isso tome o trabalho interessante. Charlie é um profissional. Gosta de concorrer com gente de seu próprio nível, em vez de triunfar sobre gente de segunda classe.
Charlie tem o tipo de carro que gosta, vai aonde quer, gosta da família e vive para gozar a vida. Charlie evita a rotina monótona. Faz coisas para quebrar a monotonia da vida e manter-se arejado. Charlie olha o futuro, não como um ponto distante, quando ele possa sentar-se na areia e não fazer nada, mas sim como um ponto no futuro, quando terá atingido os objetivos que estabeleceu para si mesmo. Charlie aproveita as oportunidades porque compreende que a incerteza é uma lei natural.
Charlie segue um mapa na vida. Charlie não se preocupa com a quantidade de dinheiro que o vizinho ganha - preocupa-se é com quanto dinheiro ELE próprio ganha. Charlie não está interessando em viver em paz pois não tem problemas desta ordem. Charlie evita conversa de corredor, bate-papos de restaurante e murmúrios de banheiro sobre a vida conjugal atrapalhada do patrão.
Aí estão duas filosofias diametralmente opostas. E é esta diferença de filosofia que explica por que a vida rende quatro vezes mais para Charlie que para Willie. Willie é um escravo, um conformista, um provinciano da classe média dos nossos dias, um escravo psicológico. Charlie é um homem livre, de ação, e um rei dos tempos modernos.
Quando as coisas não vão bem, os Willies culpam a mulher (ou o patrão, algum político, os empregados). Os Willies sempre encontram facilmente um bode expiatório para jogar a culpa de seus problemas. Nunca lhes ocorre que possam sofrer de alguma inadequação que provoca problemas. Por outro lado, os Charlies não estão culpando a esposa ou o patrão ou os empregados ou o governo federal. Charlie atingiu a verdadeira maturidade psicológica - sustenta seus próprios erros. E agindo assim impõe-se como um homem que pode crescer e progredir para níveis sempre mais altos de responsabilidade. |
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