A síndrome da tagarela |
Eu sei o que você está pensando, Lillian Glass, 2003, Editora Best Seller, pag 96
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"Cale a boca! Por favor, cale a boca!", foi tudo que passou pela cabeça de Jeff quando ele levou Lori para conhecer seus pais. Queria que eles a aprovassem, que gostassem dela, mas era como se a jovem não conseguisse ficar calada. Ela parecia incapaz de controlar-se.
Pessoas que não conseguem parar de falar são desajustados sociais. Embora sua loquacidade possa ser encantadora de início, ela se torna incômoda depois da primeira hora. Ouvir esses verdadeiros motores de falar funcionando de forma incessante e comentando assuntos mundanos, como o que eles sentem quando têm de limpar uma pia, por exemplo, é suficiente para levar à loucura até a mais equilibrada das pessoas. Normalmente, eles não se preocupam em saber se a outra poessoa tem tempo para falar com eles.
Costumam ser autocentrados e não têm nenhuma consciência de seu efeito sobre os outros. Seu modus operandi é sempre fazer perguntas, depois respondê-las antes que a outra pessoa tenha uma chance de falar. Não podem ser submetidos ao silêncio porque isso os coloca em pânico, em situação de absoluto desconforto. (...)
Eles falam a fim de obterem conforto ou calma. Isso os distrai de suas questões negativas ou dos sentimentos importantnes que teriam de enfrentar. Essas pessoas amam ouvir elas mesmas, e por isso há sempre um elemento narcisista em suas personalidades. Estão mais preocupadas com o prazer de se ouvirem falando do que com o desconforto que causam aos outros. (...)
Eles não têm idéia de como o falar constante aborrece outras pessoas; são muito autocentrados para entenderem a mensagem. Raramente prestam atenção a sinais não-verbais ou comentários sutis que possam receber de ouvintes aborrecidos. A única coisa que os faz parar de falar por um tempo é uma ordem clara, alta e autoritária para que se calem. (...)
Mesmo que seus sentimentos sejam feridos, fazem um rápido intervalo e depois voltam a falar. São pessoas cuja companhia prolongada torna-se exaustiva.
Esses tagarelas têm sempre uma nota dissonante em seu desenvolvimento psicológico infantil, o que pode explicar por que falam tanto depois de adultos. A explicação para esse comportamento reside na fase do desenvolvimento da linguagem que ocorre por volta dos três anos e meio, quatro anos de idade, quando as crianças perguntam constantemente por que, mesmo depois de ouvirem a mesma explicação várias veses seguidas. Elas agem assim nao só para obterem atenção, mas para ouvirem a própria voz e expressarem essas novas habilidade de linguagem recentemente adquiridas.
Enquanto crescem e tornam-se adultos, os indivíduos podem ficar retidos psicologicamente e permanecerem nesse padrão de desenvolvimento dos quatro anos de idade. O falar constante pode ser um mecanismo psicológico de defesa para evitar o medo do abandono e de estar sozinho.
Como têm necessidade desesperada de uma audiência, eles precisam estar próximos de outras pessoas. Mas, se não há ninguém por perto, falam sozinhos e não se importam com isso. (...) Desenvolveram o dom da tagarelice como um meio de se manterem ligadas a outros. |
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