A sabedoria popular diz que basta um sorriso para deixar uma pessoa ranzinza de bom humor. Robert Baden-Powell, o fundador do escotismo, chegava a aconselhar os jovens escoteiros a sorrir quando estivessem com medo ou diante de uma situação desagradável. Assim, o mundo lhe pareceria mais amável.
Será que realmente conseguimos criar sentimentos de felicidade com a ajuda dos músculos faciais? Paul Ekman tentou responder a essa pergunta e conseguiu explicar cientificamente que o sorriso traz felicidade. Se os sentimentos se originam de estados físicos, há lógica em concluir que, exercendo uma influência direta sobre o corpo, podemos mudar muitas disposições de ânimo.
Mas infelizmente esse caminho para a alegria não se mostrou tão fácil como propõe a crença popular, pois nem todo sorriso cumpre o seu objetivo. A expressão bem-educada que nos esforçamos em fazer ao pedir um aumento de salário talvez até esconda a insegurança de modo eficiente, mas ela não causa euforia, pois estamos apenas fingindo conscientemente o bom humor.
Para termos no rosto o sorriso genuíno de Duchenne, não basta elevarmos os cantos da boca: precisamos sorrir com os olhos, fazendo que as ruguinas de alegria apareçam. Somente a combinação desses dois fatores induz a um bem-estar verdadeiro.
Uma vez que esses movimentos faciais escapam ao nosso controle, Ekman ensinou aos participantes a treinar os músculos orbiculares. Mas ele não lhe disse qual era a finalidade do exercício. Assim, mostrou-lhes que os sinais da alegria não andam em rua de mão única: quanto mais os voluntários conseguiam melhorar o seu domínio sobre os músculos orbiculares, mais sentiam um bom humor que nem eles conseguiam explicar.
O pesquisador não se deu por satisfeito e também registrou os fluxos celebrais dos participantes enquanto eles davam o sorriso genuíno. E, de fato, esses fluxos se revelaram idênticos aos que Ekman previamente registrara ao induzi-los ao bom humor de forma natural, contando-lhes umas boas piadas.
Sorrir traz felicidade - mas só o sorriso verdadeiro consegue fazer isso. O cérebro não se deixa enganar facilmente. |