Toda empresa tem um tipo de funcionário muito peculiar, o INSATISFEITO.
Ele não gosta de regras, detesta burocracia, abobina ordens e acha que trabalhar em equipe é sinônimo de castigo coletivo. Mesmo assim, o insatisfeito consegue desenvolver um relação produtiva com a empresa.
Apenas de viver protestando contra tudo e cotra todos, o insatisfeito não pede a conta, nem a empresa pensa em demiti-lo. Porque, apesar da insatisfação, ele traz bons resultados.
Em modo geral, o insatisfeito passa boa parte de seu dia criticando qualquer coisa que lhe apareça pela frente. Por exemplo, o planejamento estratégico da empresa. A cor da parede do escritório. A rotina. O gosto do café. A lentidão dos colegas. As reuniões improdutivas. A falta de imaginação dos superiores.
Se dependesse só da vontade do insatisfeito, praticamente tudo teria que ser mudado imediatamente, para que a empresa ganhasse mais agilidade e mais eficiência. É exatamente por isso que a empresa tolera sua rebeldia.
Ter muito funcionários insatisfeitos seria desastroso, porque resultaria num caos absoluto. Mas não ter nenhum também seria um desastre, porque geraria uma perigosa acomodação.
O insatisfeito funciona como um amplificador das pequenas mazelas do dia-a-dia. Pode ser que nada seja tão grave como ele apregoa, mas NENHUMA DE SUAS QUEIXAS É ILUSÓRIA OU PARANÓICA.
Para as empresas, há uma linha que separa o insatisfeito positivo do insatisfeito negativo. O negativo é um anarquista, que desagrega o ambiente de trabalho. Já o positivo é um idealista, que quer genuinamente melhorar as coisas.
E a empresa sabe que, no fundo, ele quer o que todos os funcionários também querem. O insatisfeito às vezes é chato, às vezes é folclórico, às vezes é exagerado. No mais das vezes, porém, ele é a voz dos que preferem ficar calados.
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