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Menos empatia e mais compaixão

Scientific American Mind, Diana Kwon, edição Março17, resenha
 
Resenha do livro AGAINST EMPATHY, de Paul Bloom, 2016.

(tradução livre)

A maioria de nós vê a empatia como uma força do bem. Desde uma idade precoce, os adultos dizem às crianças que elas devem se imaginar no lugar do outro ensinar-lhes respeito e gentileza. Mas em seu novo livro, o psicólogo da Universidade de Yale, Paul Bloom, argumenta que a empatia é, na verdade, um guia moral pobre e que podemos estar melhor com menos dela.

Para começar, Bloom observa como empatia pode ser limitada, tendenciosa e irracional. Simpatizamos mais, por exemplo, com pessoas que são semelhantes a nós ou com quem nos identificamos. Assim, nossos sentimentos nem sempre variam com o grau de sofrimento de alguém: geralmente sentimos muito pior sobre uma morte em nossa própria comunidade do que 100 mortes em uma terra desconhecida e distante.

Graças a este viés, a empatia pode até levar à violência, explica Bloom. A pesquisa mostra que pessoas mais empáticas são mais propensas a endossar punições mais severas em relação a pessoas que vêem como ameaças. "É por causa da empatia que muitas vezes promulgamos leis selvagens ou entramos em terríveis guerras, nosso sentimento pelo sofrimento de poucos leva a consequências desastrosas para muitos", ele escreve.

Mas simplesmente ter empatia por uma gama mais ampla de pessoas não é a solução. Constantemente internalizar o sofrimento dos outros pode levar a um desgaste emocional. Em vez disso, afirma Bloom, devemos confiar na compaixão. Comparado com a empatia que envolve realmente a partilha das emoções de outros, a compaixão reflete uma forma mais distanciada de carinho e preocupação.

Na verdade, a compaixão e a empatia parecem diferentes no cérebro. Em um estudo de neuroimagem, os pesquisadores treinaram os participantes para imaginar como alguém poderia sentir (empatia) ou projetar pensamentos amorosos para com eles (compaixão). Eles descobriram que o treinamento de compaixão aumentou a atividade no córtex orbitofrontal medial e no estriado ventral, áreas associadas com amor e recompensa. Treinamento em empatia aumentou a atividade na ínsula e no córtex cingulado anterior, tipicamente envolvido no registro da dor de outro. Havia diferenças psicológicas também: a compaixão levou a emoções positivas e maior motivação para ajudar, mas a empatia trouxe sentimentos desagradáveis, como o estresse e a tristeza.

Bloom sabe que sua visão negativa sobre a empatia é controversa. Muitos psicólogos e estudiosos criticam seu ponto de vista, insistindo que a empatia gere movimentos sociais importantes, entre eles advocacia pela antiescravidão e pelos direitos dos homossexuais.

Bloom dispara que quase qualquer sentimento - raiva ou medo, por exemplo, pode mobilizar as pessoas por uma boa causa, mas há melhores maneiras de alcançar o mesmo resultado, como implantar a compaixão. Este livro nos obriga a enfrentar as realidades incômodas, muitas vezes feias da natureza humana, mas Bloom usa um estilo coloquial e exemplos profundamente pessoais para torná-lo mais palatável. No final, é difícil não concordar que menos empatia e mais compaixão são o que nosso mundo desesperadamente precisa.

 

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