Análise sobre a pessoa controladora |
Ascensão Profissional, Teodoro Malta Campos, Editora Totalidade, 2008.
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O primeiro ponto do mecanicismo comportamental que merece atenção é o controle. Controlar significa querer interferir no livre-arbítrio alheio. Emocionalmente, o controlador deseja impor a sua vontade, não havendo flexibilidade interior para a composição de interesses. Ao impor a vontade interior sobre a ordem exterior, a necessidade emocional de aprovação fica satisfeita.
As expressões do controle podem diversificar. Há controladores ativos, que gritam, interrogam, impondo pelo barulho. Existem também os passivos, que choram, se lamuriam, se colocam a distância, exercendo o controle por meio de chantagens emocionais. O fato é que todo controlador esconde sentimentos de rigidez, medo e insegurança; dai a necessidade da imposição, diferentemente de uma pessoa segura, que possui sustentação emocional para dialogar e para quem o ato de recuar não significa uma ameaça interior.
A necessidade de imposição do desejo interior, inerente ao controlador, pode ser tamanha que, em certas ocasiões, pode fazê-lo acreditar que está certo, enquanto o mundo está errado, como se fosse detentor da verdade absoluta.
O controlador é capaz de manipular informações e fatos, para deixar claro que sua visão é sempre a mais apropriada. Essa frieza gera uma compreensão limitada do ocorrido, pois o controlador age com memória seletiva, interpretando os acontecimentos de acordo com seu interesse. Quando as coisas vão bem, ele experimenta agradáveis sentimentos de satisfação vitoriosa. Quando vão mal, o problema está no mundo exterior, e ele se sente injustiçado ou incompreendido. Emocionalmente, o controlador é incapaz de perceber que a rigidez de sentimentos e a falta de compreensão são as principais fontes de desavenças com o mundo exterior.
A necessidade emocional do controlador é a imposição de seu modelo de conduta. Age incansavelmente para materializar aquilo que entende como correto. Mesmo que existam caminhos mais eficientes, o que está desenhado interiormente deve ser implementado. A rigidez pode conduzir a situações extremamente desgastantes, nas quais o controlador passa por cima de seus limites psicológicos para não se transformar.
Um exemplo é o caso de um microempresário que me procurou porque estava estressado com a incompetência de seus funcionários. Seu negócio havia prosperado, e ele teve necessidade de contratar novos funcionários. O detalhe é que até então somente havia empregado parentes ou pessoas conhecidas, preterindo profissionais mais qualificados por não confiar em estranhos. Naturalmente, a empresa apresentava diversos problemas operacionais, por não ter pessoas devidamente habilitadas para as funções. Mesmo assim, o empresário mantinha sua política de contratação. Isso porque no fundo tinha consciência de que, se tivesse alguém mais qualificado na empresa, suas falhas como gesto r poderiam ser apontadas. Em sua matemática, o estresse com os problemas compensava o trabalho que teria se contratasse melhores profissionais que o obrigassem a se transformar em um gestor eficiente. A terapia servia-lhe como um momento semanal para soltar suas reclamações.
Profissionais controladores são especialistas na arte de apontar o defeito alheio para esconder suas próprias falhas. Acrítica áspera funciona como uma blindagem emocional contra eventuais críticas que possam sofrer. Outra característica é a incapacidade de se colocar na condição do outro. O raciocínio linear prejudica o desenvolvimento da sensibilidade para perceber o exterior. A ausência dessa sensibilidade interfere na capacidade de influenciar os outros por não conseguir gerar vínculo de empatia com as pessoas à sua volta.
A interpretação emocional do controlador muitas vezes mostra um adulto que age como uma criança mimada: ralha, chora, grita, mostra expressões faciais duras para impor a sua vontade. Essa dificuldade emocional impede que tenha um bom desempenho ao lidar com as descontinuidades da vida que demandam raciocínio rápido e capacidade de improvisação.
O desenvolvimento da sensibilidade emocional é uma forma eficaz para transformar o controle em habilidade de coordenação. Para tanto, é necessário refletir sobre os sentimentos alheios e respeitá-los nos momentos de maior tensão. Outro ponto é a renúncia da necessidade de ter razão. Não existe verdade absoluta, existe a capacidade de interagir com pensamentos divergentes.
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